quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O que fica dos 100 anos

Enquanto se espera uma programação de Gouveia para o futuro, como cidade do escritor Vergílio Ferreira, vale a pena fixar o dia final das comemorações do centenário do nascimento do autor de «Cântico Final». A aldeia de Melo já tem uma estátua, da autoria de António Nogueira e a Vila Josephine prepara-se para receber estudiosos em residência literária, tal como anunciou o presidente da C.M. Gouveia. Para sempre, ficará também a composição musical de Rodrigo Leão, apresentada no palco do Teatro Cine com a Orquestra Sinfónica de Gouveia.

sábado, 28 de janeiro de 2017

O futuro de Vergílio está anunciado

Hoje há Vergílio, em Gouveia. As comemorações do centenário do nascimento do escritor encerram hoje sob o lema «366 dias a (re)viver Vergílio Ferreira». Há uma caminhada pelo Roteiro Literário Vergiliano, organizada pela Juventude Melense em colaboração com a Junta de Freguesia de Melo. Há um livro novo: «Vergílio Ferreira - Escrever e Pensar ou O Apelo Invencível da Arte», editado pela C.M. Gouveia em colaboração com o Instituto de Literatura Comparada da Faculdade de Letras do Porto. Anuncia-se como um volume de «...dezenas de ensaios de reputados virgilianos, portugueses e estrangeiros», resultado do colóquio internacional com o mesmo nome, realizado em maio de 2016, no Porto e em Gouveia. E à noite, Rodrigo Leão apresenta em Gouveia o tema «Bailarina».

Mas este é sobretudo o dia em que não pode terminar a celebração e a memória de Vergílio Ferreira. Se o escritor de Melo é tido como um dos mais importantes autores portugueses, então a obra e o lugar da escrita têm de ser valorizados. O futuro começa hoje para que Melo e outros locais, possam ter, no dia-a-dia, bem viva a memória do escritor. Esse caminho começou a ser aberto, pelo actual presidente da autarquia, Luís Manuel Tadeu Marques, quando escreveu, e muito bem, que o município de Gouveia «...prossegue, afinal, o modelo de algumas capitais da Europa que vêm celebrando os seus grandes escritores - como a Praga de Kafka, a Dublin de Joyce e a Lisboa de Fernando Pessoa...». O texto escrito nas páginas iniciais do «Roteiro Literário Vergiliano - Melo e a "aldeia eterna" de Vergílio Ferreira» lança o desafio para o futuro. Vamos ter Vergílio Ferreira todos os dias quando formos a Melo e a Gouveia. Aguardemos o programa. Viva Vergílio !

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

tudo o que aconteceu, tinha de acontecer

fotografia de Maria Olívia Santos
Paradoxo da liberdade: É-se livre, agindo de acordo com o que queremos. Mas é impossível querer seja o que for, se isso não exprimir a pessoa que somos e quer. Ou seja, é impossível deixarmos de ser quem somos. Ou seja, nesse caso, temos de o ser.
Paradoxo da razão: A razão é incapaz de demonstrar o primado do racionalismo. Mas temos de utilizá-la para demonstrar isso mesmo.
Paradoxo do possível: São inumeráveis as possibilidades que se nos oferecem para escolhermos ou são inumeráveis as possibilidades de acontecer seja o que for. Mas depois de acontecer esse seja o que for, tudo o que aconteceu, tinha de acontecer. Porque se não tivesse de acontecer, não tinha acontecido outra coisa.


pensar
Vergílio Ferreira
Bertrand, 2ª ed, 1992

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Música para Vergílio

As celebrações terminam com música nova para Vergílio Ferreira. A poucos dias de encerrarem as comemorações do Centenário do Nascimento de Vergílio Ferreira, sabe-se que o músico Rodrigo Leão vai apresentar um tema de homenagem ao escritor. Informação divulgado em comunicado pela CM Gouveia. O tema de Rodrigo Leão será apresentado, em estreia nacional, no dia 28 de Janeiro, pelas nove e meia da noite, no Teatro-Cine de Gouveia. O músico sobe ao palco com a banda que o acompanha mais os quarenta elementos da Orquestra Sinfónica de Gouveia, dirigida pelo Maestro Hélder Abreu. Para além do inédito, o programa do concerto inclui obras de Beethoven, Bach, Shubert e Tchaikovsky, compositores que Vergílio Ferreira apreciava. O concerto tem entrada gratuita.
Vergílio Ferreira aprendeu a tocar violino ainda miúdo, em Melo, aldeia onde nasceu.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Mário Soares e Vergílio Ferreira

Santinho Pacheco (Pres. CM Gouveia), Mário Soares e
Vergílio Ferreira, no dia 10 de Setembro de 1995, durante a
inauguração da Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em Gouveia
(fotografia do Notícias de Gouveia)
5-Agosto [1976] (quinta). Como num jogo, está convencionado que cada elemento tem o seu valor. O homem entende-se é com entidades abstractas: patrões, capital, operário. Na discussão do Programa do Governo, perguntou-se a Mário Soares se tencionava desnacionalizar empresas. A resposta dele devia ser: a empresa tal e tal dava lucro quando não nacionalizada. Agora dá encargos ao País: que é que se há-de fazer? em nome de quê continuar nacionalizada? Mas não. Desnacionalizar era aceitar o patrão, ou seja, o diabo. Logo, nem falar nisso. Pressuroso, complexado, Mário Soares garantiu a nacionalização. Devia perguntar-se: e depois? onde se vai buscar o dinheiro? os empréstimos estrangeiros (já comprometemos trinta por cento do ouro) vão continuar só para pagar salários? Mas não se pergunta. Dir-se-ia «isso é fascismo». E acabou-se. Mas todos os partidos têm medo das palavras. O vocabulário da revolução não coincide com o da realidade.

conta-corrente 1
Vergílio Ferreira
Bertrand, 3ª ed, 1982

domingo, 25 de dezembro de 2016

Nascer viver morrer

25-Dezembro [1976] (sábado). Ontem fez-se a ceia do Natal. Veio o Gilo e a Helena. Mais tarde apareceu a Lolita, filhos e amigos: música à viola pelo Toni. E então lembrei-me de passar filmes de há vinte e tal anos. Lá estávamos todos bastante mais jovens. A Regina não gostou. Há centenas de milhares de anos que o homem nasce, vive e morre. Mas ainda ainda não aprendeu que é mortal.

conta-corrente 1
Vergílio Ferreira
Bertrand, 3ªed, 1982  

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Teolinda Gersão vence Prémio Vergílio Ferreira


fotografia da Universidade de Évora
A escritora Teolinda Gersão venceu o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2017. Prémio anualmente atribuído pela Universidade de Évora. O júri presidido por António Sáez Delgado, escolheu Teolinda pela alta qualidade da arte narrativa expressa nos vários géneros de ficção clássica, em particular o romance e o conto. Ainda segundo as considerações do júri, esta atribuição adquire especial relevo pela independência da escritora relativamente a todas as modas ou tendências que, de alguma forma, condicionam os caminhos da literatura contemporânea. A escritora Teolinda Gersão, nasceu em Coimbra há 76 anos.
O Prémio vai ser entregue no dia de 1 Março de 2017, na Universidade de Évora, data em que se assinala a morte do escritor Vergílio Ferreira. O prémio foi atribuído pela primeira vez a Maria Velho da Costa, a que se seguiram, entre outros, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Agustina Bessa Luís, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Luísa Dacosta, José Gil, Hélia Correia e Lídia Jorge, tendo sido o galardoado da edição de 2016 o escritor João de Melo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Um reencontro em livro

foto de Miguel Nogueira / porto.pt
Depois da exposição no Porto, surge agora o livro Reencontro com Vergílio Ferreira. O volume revela a exposição que esteve até há pouco tempo na Galeria Municipal do Porto e que teve (e tem o livro) organização, investigação e documentação de Maria Bochicchio e Isaque Ferreira. Custa 15 euros e pode ser adquirido na Biblioteca Almeida Garrett.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Aparição no grande ecrã

Deverá estrear, no próximo ano, um filme baseado no romance Aparição de Vergílio Ferreira. As filmagens devem estar a começar, na cidade de Évora. O filme vai ser realizado pelo cineasta português Fernando Vendrell, a partir do argumento de Fátima Ribeiro e João Milagre. O papel principal (a personagem Alberto Soares) vai ser interpretado pelo actor Jaime Freitas. O elenco é constituído, entre outros, por Rita Martins, Rui Morrison e João Cachola. Segundo declarações do realizador à rádio Diana FM, trata-se de «uma adaptação do romance, mas não é uma adaptação canónica» porque vai procurar «questionar alguns dos contextos do romance e também aspectos ligados à criatividade do Vergílio Ferreira», nomeadamente as «similitudes entre a ficção e a realidade». A estreia está prevista para o próximo ano.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Vergílio mostra-se em Lisboa

Vergílio Ferreira em Fontanelas (1979). Foto da BNP.

Página do manuscrito «O caminho fica longe»
datada de Coimbra, Melo, 1939.

Cartas, fotografias, citações, livros, obras de arte e outros documentos da vida de Vergílio Ferreira chegaram à Biblioteca Nacional (BNP), em Lisboa. Até Janeiro, é possível percorrer a exposição que parte de alguns do títulos das obras de Vergílio, para mostrar o processo da escrita. A BNP diz que a exposição complementa-se associando cartas, fotografias, citações, ora sugerindo o enquadramento do escritor no seu universo relacional, ora assinalando reflexões próprias sobre a sua «arte», a escrita, e a «arte» alheia. Fecha a exposição um núcleo que evoca a relação de Vergílio Ferreira com artistas plásticos e as suas obras. Exposição na Sala de Referência da BNP, tem ainda em destaque a documentação do espólio de Vergílio Ferreira, incorporado, a partir de 1998, no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da biblioteca, por doação dos herdeiros do escritor.

Vergílio Ferreira - Escrita(s)
Sala de Referência | Entrada Livre / até 14 jan. '17
Horário
2.ª - 6.ª 09h30 - 19h30
sáb.  09h30 - 17h30

sábado, 8 de outubro de 2016

Melo vai ter nova escultura

Ás vezes não nos damos conta de que em artigos de um boletim municipal há notícias que noutro lado não encontramos. É o caso do que escreveu Jorge Costa Lopes, na Revista Municipal de Gouveia, nº26, de Julho de 2016. O artigo das páginas centrais da Revista celebra o Centenário do Nascimento de Vergílio Ferreira (1916-2016), sob o tema «O espírito da terra e os caminhos da escrita», revela que «entre o mês de setembro de 2016 e 28 de janeiro de 2017, para além da reedição do importante ensaio de Alípio de Melo, Vergílio Ferreira - de Melo a Cidadão do Mundo, estão previstas sessões de cinema e uma exposição de caricaturas, de modo a ficar completo o programa interartístico das Comemorações.» E há mais: no fim das comemorações a aldeia de Melo vai ter uma nova escultura, as comunicações do Colóquio Internacional serão editadas em livro e haverá uma palestra sobre o espólio bibliográfico e do roteiro literário. Vão ser mais quatro meses a celebrar !

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Directo, frontal e controverso

Vale a pena ler este artigo de António Valdermar, no Público. Partindo das leituras dos nove volumes de Conta-Corrente, olha-se para a história cronológica recente do rectângulo à beira-mar.

Portugal, a sua história e a sua memória foram objeto de abordagem, reflexão e comentário de Vergílio Ferreira, cujo centenário do nascimento está a ser assinalado com debates em torno da sua obra. Fez a anotação cronológica do tempo vivido. Foi direto, frontal e controverso. Registou afetos e aversões que nele se mantiveram até ao fim e retrataram o seu modo de ser. Ensimesmado. Inquieto. Hesitando. Morrendo. Vivendo.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Sábado o quê ? de quem ?

A Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em Gouveia, faz 21 anos. Sábado há festa ao longo da manhã: apresentação da média-metragem «Vergílio Ferreira numa Manhã Submersa», que o cartaz só disponível no facebook do município não diz de quem é ??????, o cineasta Lauro António falará sobre a importância do cinema na obra literária de Vergílio e, a fechar a manhã, exibição de um documentário de Jorge Monteiro sobre a «cerimónia realizada a 10 de Agosto de 1995», não diz é de que cerimónia se trata !!!! Enfim, no cartaz que aqui se reproduz é possível verificar o programa do 21º Aniversário da Biblioteca.. E já agora, para os mais curiosos e que queiram saber mais, não a vale a pena procurar na página oficial do Município, nem sequer na página que celebra o Centenário de Vergílio Ferreira em que a última notícia é de 17 de Junho.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Uma outra exposição

primeira página do manuscrito de «Aparição»
Há uma outra exposição sobre Vergílio Ferreira. Trata-se de mostrar a obra e o processo de trabalho, com curadoria de Isaque Ferreira e Maria Bochicchio. A exposição tem por título «Reencontro com Vergílio Ferreira - Testemunhos e perspectivas no centenário do escritor» e vai estar aberta ao público, a partir de 2 de Setembro, na Galeria Municipal do Porto. É uma das principais iniciativas da Feira do Livro do Porto que começa no mesmo dia e que se prolonga até dia 18, no Palácio de Cristal. No dia 17 haverá um colóquio dedicado a Vergílio e que contará com duas mesas de debate com seis especialistas na obra: José Carlos Seabra Pereira, Hélder Godinho, Fernanda Irene Fonseca, Isabel Cristina Rodrigues, José Manuel Mendes e Francisco Laranjo, sessões no Auditório da Biblioteca. A edição deste ano da Feira do Livro do Porto homenageia o escritor Mário Cláudio. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Esquece e respira

Esquece. Esquece a amargura, os atropelos, o cansaço. E as maledicências, as traições, os rancores. Esquece o trabalho que te traz em alvoroço e os fracassos de uma vida inteira e os projectos falhados para antes de começarem a ser projectos. E as invejas, as calúnias, as insídias como dentes por entre o sorriso. esquece. E sê contente. E respira.

Pensar
Vergílio Ferreira
Bertrand, 1992

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Não choveu ainda, mas tudo está disposto para a rega

20 Agosto (quinta) [1981] E eis que o tempo se pôs subitamente macambúzio. Não choveu ainda, mas tudo está disposto para a rega. Céu baixo e espumoso de cinza, pequenos golpes de vento e um ar inteiriçado nos pinheiros, cheios de resignação. É o anúncio de que o Verão se foi. De domingo a oito dias regressamos a Lisboa. Eu devo partir para a pousada na Serra no dia 2 e a Regina no dia 4 partirá na excursão ao México. Mas tudo se pode perturbar com a greve dos controladores aéreos que tende a alastrar da América a toda a Europa. Restará assim a hipótese de a Regina ir comigo até à Serra. Tenho ainda de preparar o carro para a aventura e tenho de não ter chuva. Imaginei a Serra na apoteose de uma grande noite lunar. Mas nem Lua devo lá ter. E assim, depois de tudo o que se programou já já meses, o que pode acabar por restar é um pouco de meditação aqui, à beira do fogão aceso. Mas em todos os espectáculos públicos costumava vir sempre o aviso de que «este programa pode ser alterado por qualquer motivo imprevisto». O imprevisto aqui é o conluio dos céus com o progressismo dos controladores.
Céu de cinza, vento de água ao alto dos pinheiros. Um cão ladra longe ao impossível. Hora suspensa. Estou triste por espírito de coerência.

conta-corrente 3
Vergílio Ferreira
Bertrand, 1983

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

É preciso que Marcelo o diga ???

O desejo de ter em Melo um centro dedicado aos estudos e à memória do escritor Vergílio Ferreira não é de agora. Mas para ter projecção, pelos vistos, deve ser preciso o Presidente da República dizê-lo. Foi o que fez na terra onde nasceu Vergílio e no momento em que visitava a Vila Josephine (a Casa Amarela descrita em Para Sempre). Marcelo Rebelo de Sousa disse que quando olha para aquela casa «...estou a imaginá-la como um centro de cultura aberta a tantos e tantas que aqui venham para discutir a obra de Vergílio Ferreira» e garantiu que durante o actual mandato (ainda tem quatro anos e meio) irá de novo visitar Melo para inaugurar o Centro. Viva a Josephine !!

A Presidência da República registou a sessão em vídeo.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Marcelo na terra de Vergílio

A aldeia de Melo apresenta dia 10 de Agosto o Roteiro Literário Vergiliano. São dois percursos pedestres: um rural e outro urbano. A inauguração tem direito à presença do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa vai primeiro à Biblioteca de Gouveia e depois segue para Melo, à hora de almoço. Este Roteiro começa no Chão do Paço de Melo (na foto) e olha para o universo de Vergílio Ferreira na terra onde nasceu. Há uma avenida com o seu nome, um largo com chão de pedra onde estão inscritos os títulos da obra literária, a Casa Amarela, ...enfim, tem também a montanha tantas vezes descrita por ele. No dia da inauguração do Roteiro, Marcelo vai também presidir a uma sessão evocativa do Centenário do Nascimento de Vergílio Ferreira, em Melo, onde será entregue o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2016. A notícia já ultrapassou fronteiras

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

188 fotografias para mostrar Vergílio

foto de Mário Cunha
Andaram pela serra a ver o que Vergílio via. Onde Vergílio nasceu, onde brincou e mais tarde escreveu. Andaram pela Serra, por Melo, por Gouveia, pelos Casais, por Folgosinho. De telemóvel ou câmara em riste, dispararam para o concurso #2instameetserrano. O resultado pode ser visto no instagram e no suplemento P3 do jornal Público.