Alguma vez soubeste que eu me reprimia contigo? um certo medo de te desagradar e de te perder, como quando infantilmente te levei a minha fotografia na ideia adolescente de tu saberes quanto te amava. E quando finalmente vieste para mim - sim, podemos experimentar - eu tive um medo horrível de não ser verdade. E foi o que senti pela nossa vida inteira. Amava-te de mais, saberás o que é isso? como te amo agora com o excesso que é meu. Assim me parece perdido todo o tempo em que não penso em ti, em que sobretudo me não apareces no teu fulgor encantamento.E sinto um estranho remorso aí, uma perda, um tempo inútil em que não estás comigo. Vem. Vem e demora-te para dares algum sentido à vida que se me esgotou. Fica. E traz contigo o teu deslumbramento que me dobra de humildade, como gostaria de poder dizer-te.
Cartas a Sandra
Vergílio Ferreira
Bertrand, 6ª ed, 1999
Cartas a Sandra
Vergílio Ferreira
Bertrand, 6ª ed, 1999
parece perdido todo o tempo em que não penso em ti
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