...quem sabe que tudo é mistério.

Todos cumprimos um mandato que nos foi estabelecido na eternidade e não sabemos justificar ou não sabemos qual seja. Nós admiramos uma abelha ou uma formiga no seu trabalho incognoscível. Mas é no incognoscível que todos nos movemos. Os grandes homens que «deixaram nome». É irracional mas não parece. Em que é que beneficiam agora do nome que têm? Onde se esclareceu o mandato para o terem? Mas há a imensa maioria que se cumpre com o mesmo zelo para efeitos nenhuns, porque é só o instante em que o cumprem. E todavia. Se tudo é mistério, o mistério maior seria que o não houvesse em quem sabe que tudo é mistério. Ou seja, nós.

Pensar
Vergílio Ferreira
Bertrand, 2ªed, 1992